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Peças do amor

Há quem diga que nunca nasceu para o amor. Provavelmente, todas as pessoas já disseram isso, e se não, tenho uma notícia para dar: você, um dia, dirá. Esse tipo de coisa é dita como válvula de escape de quem está passando por alguma desilusão.

O rapaz acabou de passar por um término de namoro, advindo da pessoa que pensou ser leal, com a qual pensava que viveria a vida toda. E como todo término tem etapas, ele chega em casa e joga fora os presentes, lança janela afora a aliança caríssima que comprara. Então, chora, desaba e sente uma tristeza descomunal. Após a etapa da tristeza, fica com raiva dessa pessoa e de todas as pessoas que estão felizes em união. Sai para beber com amigos e amigas, após várias doses e goles, vê um casal e lembra de tudo, aí vem a frase:

- Não nasci para amar, não! Quero mais é beber e me divertir!

A verdade é que todos nós nascemos para amar, parece ser um software que já vem instalado em nossos sistemas, mas que algum momento se perde quando algum vírus da desilusão amorosa invade e acaba com nossas máquinas. A péssima notícia que esse humilde autor tem, também, é que parece alguma lei: dado o momento certo, que varia de pessoa para pessoa, sofremos desses males.
Parece um tipo de doença que se pega e, depois, você fica autoimune. Claro, desilusão não é algo que nos traz alguma força, pelo contrário, destrói-nos por completo.

O que parece certo e certeiro, é: sempre vem a felicidade após a tristeza, como se as desilusões nos preparassem para aquele amor que não há dúvidas de que será eterno.
Peças que o amor prega em nós, meros mortais.
O rapaz do começo dessa crônica, num dia qualquer, quando já esqueceu o passado e se encontrava bem consigo mesmo e com o mundo, conhece um alguém interessante. Os gostos variam, se completam. Não são muito parecidos, mas isso não é problema. Amor nasce nos lugares mais improváveis, não como as pessoas veem em filmes românticos que só servem para enganar corações partidos.
Em algum momento, ele encontra uma velha fotografia em seu computador e pensa: "Como pude sofrer tanto? Parece que isso foi há séculos...". Então, ele exclui a foto com um sorriso no rosto, aliviado por tudo ter passado, quando um dia pensou que jamais passaria.

E assim é a vida que levamos. Muitos tombos vêm, acabam conosco e com nossa sanidade, nos mostramos completamente vulneráveis, mas tudo melhora com o tempo.
A cada ano que passa, esse honesto e romântico escritor observa o mundo com um olhar clínico de quem precisa escrever sobre a vida, e constata que todos estão fadados a sofrer por amor, mas depois ser feliz pelo mesmo motivo. E a única explicação que achou até agora, é: são peças do amor, mesmo.

Por: Thai Raphael.

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